segunda-feira, 7 de novembro de 2016

“Gestão de pessoas no Judiciário e adoecimento do Trabalhador”



“Assédio moral – Rei do Pedaço”, com os atores Elton, Renata e Alex
As atividades de sábado, 5 de novembro, segundo e último dia do Seminário do Departamento de Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral, realizado no hotel Normandy, em Belo Horizonte, começou a encenação da peça teatral “Assédio moral – Rei do Pedaço”, apresentada pelos atores Alex, que é também servidor da Justiça estadual, Renata e Elton. Eles representaram uma cena típica de assédio moral hipoteticamente ocorrida dentro de uma empresa, em que uma mulher, grávida, é perseguida pelo seu chefe, que conta com o apoio do outro funcionário para levar a vítima à situação de desespero.


Márcio Roberto Santim, doutor em Psicologia Social, pela PUC/SP, fundador do IAPPF e servidor do TRT15
 Depois da peça teatral, teve início a primeira palestra do dia, proferida por Márcio Roberto Santim, doutor em Psicologia Social, pela PUC/SP, fundador do IAPPF (Instituto Autônomo de Pesquisas Psicofilosóficas) e servidor do TRT da 15ª Região (Campinas). Ele abordou o tema “Gestão de pessoas no Judiciário e adoecimento do Trabalhador”.


Partindo do princípio de que a sociedade atual detém muita informação e pouco conhecimento – mas lembrando que a primeira é muito importante, mas não adianta informação sem educação, que promove o conhecimento -, ele explicou o que é ‘gestão por competências’: ”processo criterioso desenvolvido pelos gestores com o objetivo de identificar e desenvolver, mediante políticas de capacitação, os atributos técnicos necessários a uma pessoa para ocupar determinado cargo a fim de cumprir de maneira eficiente a função a ele atrelada”. Mas tem que ser a “pessoa certa (preparada) para o lugar certo (compatível). Esse conceito, explicou, começou no setor privado (competência do mercado) e depois foi levado para o público, onde tem apresentado limitações. Por exemplo: o funcionário de carreira, que conhece todo o serviço, vai ter que ensinar tudo àquele que vai exercer o cargo de livre nomeação e ser seu chefe. E aí, como é que fica?

Segundo ele, o gestor pode modificar diretamente somente o Plano de cargos e salários, a criação de novos cargos e melhora do material do trabalho. E os critérios a serem adotados para a distribuição de funções comissionadas devem ser: 1) nível de desempenho profissional (eficiência); 2) qualificação profissional (formação); 3) tempo de serviço dentro da organização. “Não podemos desrespeitar o espaço do outro, pois isso causa problemas emocionais. Se um colaborador ou o subordinado não obedecer o superior hierárquico? E se esse superior não aceitar uma sugestão do comandado apenas por questão de vaidade? Essa clareza é de suma importância”, comentou.

Na opinião do palestrante, o tipo de cargo deve ser a base para considerar ou não a personalidade do servidor como fator da competência.  Ele disse que traçou um eneagrama (palavra grega que significa ‘nove pontos” – com um círculo contendo nove pontos equidistantes, interligados por nove linhas que se intercruzam num determinado sentido, sendo que três delas formam um triângulo equilátero), para avaliar a personalidade dos servidores, definindo nove tipos segundo esse modelo – perfeccionista, prestativo, bem sucedido, romântico, observador, questionador, sonhador, confrontador e preservacionista -, cada um com seus possíveis vícios e imagens. E ele chegou à conclusão de que as quatro características a serem analisadas pelo gestor – personalidade, aptidão, interesse e objetivo – podem ou não se relacionar. A articulação com as diferenças individuais deve ser feita observando-se as possibilidades do coletivo.

Ele também enumerou as vantagens e dificuldades para implantação de rodízio de trabalho. As vantagens: 1) constante capacitação dos servidores para realização de novas atividades, 2) avaliação mais real do grau de dificuldade envolvido em determinadas tarefas, 3) criação de um clima de trabalho democrático e transparente; as dificuldades: 1) reserva de tempo destinado à capacitação, 2) desinteresse de alguns funcionários com relação ao aprendizado de novas atividades, 3) diferenças salariais.

A coordenadora Vilma Lourenço  entrega uma lembrança ao palestrante
A sobrecarga de trabalho, alertou o palestrante e servidor do TRT15, traz reflexos negativos para a vida particular do servidor, tais como ressentimento e frustração. “Precisamos evitar ao máximo cair na lógica da sobrecarga de trabalho. Se, por um lado, há uma pressão constante para que trabalhemos cada vez mais dentro das nossas limitações, devemos botar um freio nisso. É melhor ganhar menos e ter melhor qualidade de vida. Isso não tem preço que pague. Para termos algo no nosso tempo de ócio, precisamos ter energia”, concluiu.

No espaço para debates, o psicólogo Arthur Lobato fez a seguinte advertência: “Temos que realizar um trabalho de convencimento sobre os chefes. Para mediar e melhorar as situações de conflito nas relações de trabalho”. Santim afirmou que a tecnologia do PJe vai ao  encontro de toda lógica dos servidores serem observados, controlados, pois são contratados para trabalhar “x” horas e agora tem o modelo de cuidar de “x” processos/hora, impondo-se produtividade e tempo, e isso significa ‘achatamento salarial’.



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