terça-feira, 21 de março de 2017

Humanização do Trabalho

Por Arthur Lobato, psicólogo/saúde do trabalhador, responsável pelo Departamento de Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral (DSTCAM) do SITRAEMG.



Um dos objetivos do trabalho é inserir o ser humano no processo produtivo. Por trabalho saudável entendo aquele feito com prazer, onde há um bom relacionamento interpessoal, e condições materiais de se executar a tarefa. O trabalho é saudável quando há diálogo, escuta e respeito às opiniões de quem trabalha junto.
Como o modelo de trabalho no mundo atual visa o lucro e a produtividade através de metas absurdas, e este modelo está sendo implementado no serviço público, lutamos dentro do projeto saúde do trabalhador, por um modelo de gestão humanizado e não este modelo de gestão que trata os seres humanos como se fossem máquinas, um processo de desumanização do trabalhador reduzido a uma simples cifra, uma peça na engrenagem produtiva.
Quando propomos a humanização do trabalho, queremos entender o ser humano não só enquanto força produtiva, mas naquilo que nos diferencia dos animais: somos seres racionais. E, por racional entendo a relação entre a percepção, sentimentos, inteligência, e nossa capacidade de refletir sobre si próprio e sobre o mundo, afinal, tenho consciência que existo, tenho consciência do tempo que passa, do espaço que se modifica com o tempo, sabemos de nossa finitude e nossa necessidade de sobrevivência só pode ser conseguida através do trabalho que é composto de vários processos de relações, entre humanos e humanos, humanos e máquinas, força de trabalho e capital, entre tantos fatores.
Humanização do trabalho é uma luta do SITRAEMG e de todos nós trabalhadores para que instituições e empresas entendam que cada ser humano é diferente e que não somos máquinas de produção, mas seres humanos racionais e emocionais, temos consciência, razão e afetos.
Um exemplo claro da falta de humanidade no trabalho é caracterizado pela volta dos adoecidos ao local do trabalho. Suas queixas na clínica do trabalho se referem aos próprios colegas e percebemos que a solidariedade foi substituída pela individualidade, pela competitividade, o outro ausente deixa de ser humano, mas um estorvo, pois “diminuiu a produtividade do grupo”.
Somos enquanto seres humanos este amálgama de razão e emoção,  antagônicos que devem ser governados pela consciência, domando e direcionado a força da razão e da emoção, os  alazões que conduzem a biga/corpo, metáfora já descrita por Platão, o filósofo grego em seus diálogos,  com a consciência sendo o cocheiro e a biga, o corpo.  Razão e emoção os cavalos (potências) que levam a biga na direção e velocidade pretendida.
Se somos seres racionais, temos a linguagem para nos comunicar e transmitir experiências em busca de uma evolução humana e científica, e para isso precisamos de humanizar o trabalho, via diálogo, missão de todos nós.
OBS.:
Em novembro do ano passado, o DSTCAM do SITRAEMG realizou um seminário sobre saúde do trabalhador, e, através de palestras e debates, discutimos o adoecer do trabalhador, sua relação com a organização do trabalho, o modelo de gestão, a virtualização do trabalho (PJE e teletrabalho), a indústria da loucura, estresse pós-traumático e assédio moral. Ressaltamos, portanto, a importância do trabalho ser fonte de realização pessoal e profissional e não de adoecimento.
Confira:

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