quinta-feira, 27 de novembro de 2008

ASSÉDIO MORAL E A LEI



* Arthur Lobato

O assédio moral no trabalho é um processo perverso que tem como conseqüência o adoecimento do trabalhador. As constantes humilhações, as perseguições, ameaças, gritos, zombarias, atitudes cínicas e prepotentes, com intenção de prejudicar, causam mal estar em quem as sofre principalmente pela impotência de reagir. Como reagir, se o assédio é realizado de forma sutil, e, numa relação de poder onde o assediado é o lado mais fraco? Por isso é importante o vínculo de solidariedade entre os colegas de trabalho e as denúncias ao sindicato.

“Agir é decerto não só ajudar às vítimas a se tratar e reparar o mal que lhe fizeram, mas, tomar medidas concretas para fazer cessar tais comportamentos e, sobretudo modificar os contextos que os propiciaram”, “(...) compete ao sindicato interpelar a direção e obrigá-la a mudar os métodos”, afirma Marie-France Hirigoyen, uma das maiores estudiosas do assédio moral no mundo.Mais do que denunciar é importante também, um amplo trabalho de prevenção e combate ao assédio moral no ambiente de trabalho. Luta que é de todos servidores que devem se conscientizar que a violência moral, as constantes humilhações, a vergonha e o medo são o combustível do assédio moral, e se não lutarem serão massacrados, destruídos psiquicamente e emocionalmente, e, aos poucos transformados de “sujeito em objeto”, de seres produtivos em improdutivos.

A "COMISSÃO DE COMBATE AO ASSÉDIO MORAL DO SINJUS E DO SERJUSMIG" trabalhou na elaboração de um projeto lei para combater o assédio moral no serviço público. Ação que conta agora com o apoio de outros sindicatos e foi encaminhada ao poder executivo. Mas é principalmente na prevenção que devemos atuar. Muitos casos de assédio moral ocorrem pela própria estrutura da organização de trabalho, onde impera o autoritarismo e o despotismo das chefias, pois em todo autoritarismo há abuso de poder. O tema assédio moral deve ser debatido nos núcleos de saúde do TJMG, na corregedoria, nos cursos da EJEF para juizes e servidores com cargos de chefia. É muito importante que haja compreensão do que é o assédio moral, e as conseqüências para a saúde do servidor. Cabe ao TJMG zelar pela saúde de seus servidores, coibindo, prevenindo e punindo quem pratica o assédio moral. Um ambiente saudável de trabalho é um direito de todos.


* Arthur Lobato é psicólogo, pesquisador do assédio moral no trabalho e membro da Comissão de Combate ao Assédio Moral Sinjus/Serjusmig
lobatosaude@yahoo.com.br


Publicado no jornal Expressão Sinjus 170

O ASSÉDIO MORAL NAS ORGANIZAÇÕES



O assédio moral é um processo realizado ao longo do tempo, no espaço do trabalho, mas as conseqüências para a saúde do trabalhador continuam além da jornada de trabalho. É um processo envolvendo o assediador, os atos de assediar e a vítima. Há intencionalidade em prejudicar através de ataques sistematizados e repetidos, o que influi na saúde do trabalhador e na produtividade da instituição.

Muito importante é o posicionamento da instituição, coibindo as práticas de assédio moral, não sendo conivente com o adoecimento do trabalhador, nem tampouco com a banalização, e a deturpação do conceito de assédio moral.

Em todo assédio moral há o problema da discriminação, da não aceitação do outro, do abuso do poder, da negação do sujeito. O assédio moral adoece o trabalhador, e prejudica o ambiente de trabalho, mas nem tudo é assédio moral. As agressões pontuais e a violência moral também são comportamentos que adoecem o trabalhador.

Um dos maiores problemas nas relações de trabalho é a banalização e naturalização de atitudes hostis como gritos, humilhações, perseguições, com justificativas como “sou assim..”, “se não pressionar não funciona”, “isto é conversa de preguiçoso e incompetente...” “o trabalho aqui é estressante mesmo...”

Não somos contra a hierarquia e a autoridade imanente ao cargo, mas não se pode aceitar práticas desumanas no ambiente de trabalho, como humilhações, chantagem, discriminação, impedimento de ascensão funcional, perseguições, fofocas, zombarias, gritos, violência moral e física, atitudes e comportamentos que também adoecem o trabalhador.

O que deve ser combatido é o autoritarismo, o abuso de poder, impedir as humilhações constantes que vão adoecendo o trabalhador, impotente em reagir. A violência moral não deixa marcas como a violência física, mas machuca. Dor invisível só vivida e sentida por quem a sofre, dor que não purga, ferida que não cicatriza. Somente respeitando nosso próximo poderemos ser respeitados, mas uma relação desigual de poder faz com que o humilhado se cale, introjete a violência, e por isso adoece emocionalmente e psiquicamente.

Arthur Lobato, psicólogo.

Publicado no Jornal Expressão Sinjus 169

ASSÉDIO MORAL: O ASSEDIADOR


Arthur Lobato*, psicólogo e pesquisador do assédio moral no trabalho


No assédio moral é sempre importante lembrar a questão da repetição, da sistematização, e da intencionalidade do ato de assediar. Estes três elementos, além da não aceitação da diferença do “outro”, comprovam o ato de assediar moralmente.


Geralmente o assédio é praticado por chefes ou subchefes, às vezes cumprindo “determinação superior”, ou seguindo um plano de metas impossível de ser alcançado, mas muitas vezes agindo por conta própria.


Além do assediador (aquele que exerce o assédio), alguém no grupo valida o assédio, ridicularizando a vítima, agindo “pelas costas”, referendando o discurso do assediador sobre a vítima, quase sempre uma pessoa competente ou questionadora. No entanto, pode acontecer o assédio moral entre grupos de funcionários que se unem em busca de poder e exclusão de outros funcionários.


O objetivo do assediador é desestabilizar psiquicamente, emocionalmente e profissionalmente um funcionário após um extenuante processo de assédio moral, transformando a vítima em alguém que se sinta incapaz, incompetente, desmotivado, o que justifica a demissão, perda do cargo de chefia, ou mudança de setor.


Na execução do assédio moral existe a ambivalência do discurso do assediador, sempre com duplo sentido, e a negação da verdade. As reprimendas são constantes assim como as múltiplas pequenas agressões, zombarias, sobrecarga de tarefas, sem que haja tempo hábil de executá-las ou retirada de tarefas e funções, e falta de condições materiais de trabalho (computador, mesa, telefone,...). As observações são sarcásticas, irônicas, cáusticas, há uma crítica sistemática do trabalho, recados e avisos não são repassados e muitas vezes como forma de humilhação há o desvio de função.


A vítima é vigiada, pressionada e aos poucos vai sendo isolada do grupo e do processo produtivo. Ridicularizada por aspectos subjetivos de sua personalidade, criando dúvidas e queda da auto-estima. Com a falta o apoio do grupo de trabalhadores é cada vez maior o isolamento da vítima. Pressionada, a vítima de assédio moral adoece. As faltas no serviço e licenças médicas servem como munição para o assédio continuar. Por outro lado, o assediador nega e deturpa os fatos, evidencia os erros, criando uma imagem de incompetência da vítima.


Na próxima edição trataremos do sofrimento psiquíco da vítima de assédio moral e a seguir as formas de defesa para quem é assediado.


* Psicólogo da comissão de combate ao assédio moral no Sinjus, Serjusmig e Sitraemg

10º Encontro de Delegados dos servidores da justiça de Minas Gerais



fotos: Ariane Dias/comunicação Serjusmig

SERVIDORES MINEIROS NUM DOS MAIORES EVENTOS SINDICAIS DO JUDICIÁRIO

Completando a sua 10ª edição neste ano de 2008, o Encontro de Delegados promovido pelo SERJUSMIG se firmou como um dos maiores eventos sindicais do Judiciário, reunindo centenas de servidores, representantes de praticamente todas as comarcas do Estado.

O evento se consolidou ao longo dos anos como local ideal para debates, troca de idéias e deliberação das ações da entidade, promovendo grande conscientização, fortalecimento e união da categoria.

O 10º Encontro foi realizado entre os dias 16 a 19 de outubro, na cidade de Caeté, no Hotel Fazenda Tauá.

Na programação temas como a saúde do servidor, as Reformas Trabalhista e Sindical, Direito de Greve do Servidor Público, ADE, Plano de Carreiras, Redesenho, Assédio Moral, Projetos de Leis de interesse dos servidores, as Lutas do Sindicato, as Ações Judiciais em favor dos interesses da Categoria e muitos outros.

O Combate ao Assédio Moral no Trabalho foi o tema da palestra do psicólogo Arthur Lobato.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

SAÚDE DO SERVIDOR EM PAUTA

Os Sindicatos de servidores públicos, SERJUSMIG E SINJUS-MG, reuniram se no dia 19 de novembro com a equipe da Secretaria de Planejamento do governo de Minas Gerais - Seplag. Além de promoção vertical, diligências e ADE, estava em pauta a Saúde do servidor e o Assédio Moral.

Arthur Lobato, psicólogo e Leonardo Militão, advogado, acompanharam os representantes dos sindicatos, Robert França e Rui Viana. Estavam presentes a diretora executiva de planejamento, Maria Cecília Belo, o assessor da Seplag, Pedro Jorge Fonseca, a diretora executiva da Ejef, Mônica Alexandra Terra e Sá, a gerente de desenvolvimento das carreiras, Thelma Regina Cardoso e o coordenador de avaliação e desempenho e também administrador do plano de carreiras, Hideraldo Nogueira Barbosa.

Além dos outros tema em pauta, as entidades discutitam em torno de um projeto que monitore e avalie questões relacionada à Saúde do Trabalhador do Poder Judiciário mineiro. Ficou decido que para estudar e definir o modelo e as estratégias de atuação, que viabilizem a estruturação desse projeto, será constituída uma comissão multidisciplinar, na qual se garantirá a participação dos Sindicatos, SERJUSMIG e Sinjus-MG.

SEMINÁRIO SOBRE ASSÉDIO MORAL


Assédio Moral: conhecer para combater!
Data do Seminário: 22 de novembro (sábado)Horário: 13 às 18h
Local: Sala de seminários do SINTAPPI/MG -
R. dos Timbiras, 2595 - Bairro Santo Agostinho - BH/MG

O Sindicato deTrabalhadores em empresas de Assessoramento, Pesquisas, Perícias e Informações e de agentes autônomos do comércio realizou no dia 22 de novembro o 1º Seminário sobre Assédio Moral .

O evento teve como palestrante o psicólogo e especialista em Assédio Moral, Arthur Lobato que falou de 13h às 18h para mais de sessenta participantes.

Também participaram advogados e sindicalistas para auxiliar nesse importante momento de formação para os trabalhadores da base.

O SINTAPPI/MG ofereceu também certificados aos participantes.