Segundo
Dejours, as contradições da relação entre capital e trabalho são os
motivos que conduzem ao adoecer do trabalhador e ao sofrimento físico,
psíquico e emocional. A dignidade humana, portanto, tem que ser o valor
supremo no mundo do trabalho e para isso é necessário resistir e vencer
as dificuldades do trabalho, mas nem todos conseguem, daí o adoecer, o
sofrimento e o fracasso.
Dejours
considera que as estratégias de defesa podem ser conscientes ou
inconscientes, mas representam em ambos os casos uma recusa de sofrer,
uma elaboração psíquica sobre o que faz sofrer aprofundando a
contradição entre a realidade vivenciada pelo trabalhador e a
organização do trabalho, já que neste “real do trabalho” a vivencia é de
fracasso e sofrimento. Isto se manifesta no burn-out, que é o
sofrimento de quem se envolve muito com o trabalho, ou na insônia e
sonhos com o trabalho. Curiosamente o especialista afirma que “muitas
vezes é preciso fracassar para se ter boas ideias”, ou seja, aprender
com o erro, para poder resistir e vencer as dificuldades do trabalho,
mas isso nem todos conseguem, daí o adoecer, o sofrimento, o fracasso.
“Trabalhar
é sofrer resistências” e o trabalhador se engaja nos esforços, em toda
sua subjetividade, e nos relacionamentos com os colegas, portanto,
afirma Dejours, “falar ao colega é um modo de nos reapropriarmos de
nossa inteligência”, pois somos seres relacionais, o outro constrói
minha subjetividade, e tanto no amor como no trabalho a construção da
identidade é através do reconhecimento. Entretanto, como evitar
sofrimento do trabalhador e ao mesmo tempo manter as regras rígidas da
organização do trabalho?
O
trabalhador não é uma máquina, portanto, precisa interpretar as ordens e
não apenas obedecer regras e normas. O perigo é a interpretação
individual, que pode causar riscos à segurança, por isso deve haver este
espaço para falar do trabalho e discutir as contradições entre a teoria
e a prática. Só assim se chega a uma arbitragem sobre as deliberações e
opiniões dos trabalhadores para adaptar a norma à experiência do
trabalhador.
No
SINJUS-MG, a comissão de combate ao Assédio Moral e a todo tipo de
violência laboral, da qual participo como coordenador, percebe
claramente que muitos casos que levam ao adoecer do trabalhador estão no
conflito, quando o superior hierárquico não aceita o diálogo e usa da
hierarquia para práticas autoritárias, negando o saber do trabalhador, e
muitas vezes a pratica do servidor agiliza o processo produtivo, mas,
pela recusa ao diálogo, este servidor é perseguido pois até hoje a
instituição TJMG continua com o autoritarismo como forma de domínio
sobre os servidores, não se importando com as consequências para a saúde
do trabalhador.
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